sexta-feira, 22 de abril de 2011

ENTREVISTA DA PRESIDENTE AO JORNAL CIDADÃO



OBSERVATÓRIO
“Ainda falta muito para alcançarmos a condição ideal”, diz Silvia, presidente da APADAF

20/04/2011

Desde 1996,os deficientes auditivos da cidade contam com a APADAF (Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos de Fernandópolis). Formada por um grupo de pais, fonoaudiólogos e políticos da cidade, possui entre muitos desafios a luta contra o preconceito e a inserção de seus jovens no mercado de trabalho.
Para falar um pouco mais sobre o assunto, a coluna convidou a presidente da entidade Silvia Aparecida de Araújo Costa. Ela é casada com Arinaldo Gomes da Costa e possui duas filhas. Paula Caroline, de 21 anos, é portadora de surdez profunda causada pelo uso de antibióticos a base de Garamicina quando tinha apenas nove meses. Maria Beatriz,18, é a filha mais nova do casal e é flautista da Orquestra de Sopros de Fernandópolis há oito anos.
Para Silvia, além do preconceito, outras barreiras como a falta de intérprete em algumas faculdades dificulta a chance de muitos jovens conquistarem um diploma. “A conclusão de um curso superior facilitaria a inserção no mercado de trabalho e possibilitaria ao surdo ocupar cargos melhores e de acordo com sua especialidade.
Entre muitas datas dedicadas aos surdos, está o dia 23 de abril, amanhã, que é considerado o Dia Nacional da educação dos Surdos.

A APADAF conta com quantos alunos atualmente?
Atualmente a APADAF atende 50 alunos. Eles freqüentam a instituição de segunda a sexta-feira ,das 7h às 17h. Procuramos passar informação o tempo todo para eles e principalmente fazer com que sintam vontade de participar das atividades e freqüentar a entidade.
Quais são as vantagens que o aprendizado da linguagem de sinais oferece ao deficiente auditivo?
O ensino da LIBRAS é extremamente importante para os surdos . É a primeira língua utilizada por eles e serve como base para o aprendizado. É através dela que eles vão adquirir o aprendizado da segunda língua, que no caso é o português. Tudo para que eles sejam inseridos na sociedade de uma forma mais leve e sem grandes traumas.
Qual é o principal objetivo da associação em relação ao futuro dos alunos?
O primeiro passo é ensinar para eles a Língua Brasileira de Sinais. Através disso, damos continuidade ao trabalho que tem como meta promover a socialização e interação entre eles. Isso vale para o convívio dentro e fora da associação. Precisamos ajudar a família para prepará-los para o relacionamento com outras pessoas. A socialização é fundamental para que eles alcancem seus objetivos pessoais. Aí entra a inserção no mercado de trabalho, que é tão sonhada por eles. E isso tem sido cada vez mais possível.
Alguns alunos da APADAF estão trabalhando atualmente?
Temos vários casos de alunos da entidade inseridos no mercado de trabalho. A Patrícia, o Junio e o Vitor trabalham na Casas Pernambucanas. Temos também a Camila, que trabalha na Casas Bahia. Outras empresas da cidade como o Pessotto Flex também possuem nossos alunos em suas listas de colaboradores.
Você, como presidente da entidade e mãe de um deficiente auditivo, acha que falta oportunidade para essas pessoas no mercado de trabalho?
No que se refere às oportunidades de trabalho acho que sim. Ainda falta muito para alcançarmos a condição ideal. Para se ter uma idéia, grande parte dos seis milhões de surdos espalhados pelo Brasil encontram dificuldades de aceitação no mercado de trabalho. Suas potencialidades ainda não são reconhecidas pela classe empresarial por falta de informações e pelo preconceito relativo as pessoas com necessidades especiais. Nós lamentamos muito esse quadro e trabalhamos todos os dias para que isso mude o quanto antes.
As vagas oferecidas pelas empresas aos deficientes são para que tipo de função? Ajuda no desenvolvimento dos alunos?
Muitas empresas oferecem empregos apenas para cumprir a lei e se livrar das multas do Ministério do Trabalho, que as obriga a contratar deficientes. É claro todo trabalho é digno e tem o seu valor, mas na maioria das vezes as atividades oferecidas aos surdos são para trabalhos que não contribuem para o exercício da criatividade e do desenvolvimento intelectual. Sabemos da exceções e procuramos participar das contratações e explicar as maiores necessidades.
Dia Nacional da educação dos Surdos: “Ainda falta muito para alcançarmos a condição ideal”, diz Silvia
Desde 1996,os deficientes auditivos da cidade contam com a APADAF (Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos de Fernandópolis). Formada por um grupo de pais, fonoaudiólogos e políticos da cidade, possui entre muitos desafios a luta contra o preconceito e a inserção de seus jovens no mercado de trabalho.
Para falar um pouco mais sobre o assunto, a coluna convidou a presidente da entidade Silvia Aparecida de Araújo Costa. Ela é casada com Arinaldo Gomes da Costa e possui duas filhas. Paula Caroline, de 21 anos, é portadora de surdez profunda causada pelo uso de antibióticos a base de Garamicina quando tinha apenas nove meses. Maria Beatriz,18, é a filha mais nova do casal e é flautista da Orquestra de Sopros de Fernandópolis há oito anos.
Para Silvia, além do preconceito, outras barreiras como a falta de intérprete em algumas faculdades dificulta a chance de muitos jovens conquistarem um diploma. “A conclusão de um curso superior facilitaria a inserção no mercado de trabalho e possibilitaria ao surdo ocupar cargos melhores e de acordo com sua especialidade.
Entre muitas datas dedicadas aos surdos, está o dia 23 de abril, amanhã, que é considerado o Dia Nacional da educação dos Surdos.

Como eles são recebidos quando chegam ao comércio no primeiro dia de trabalho?
O primeiro contato é tranquilo. As pessoas se mostram pacienciosas e prontas para ajudar no que é preciso. A força de vontade deles também ajuda muito. Acredito que seja novo para as duas partes. A presença de um deficiente no convívio com outras pessoas exercita a capacidade de todos no ato do convívio, da paciência e da tolerância. Acaba sendo um desafio para todos. Isso faz com que todo mundo aprenda mais com o passar do tempo. Os benefícios são claros.Outro fator interessante que percebemos também é a exigências no preenchimento de currículos em alguns sites de emprego. Ora, como exigir de surdo a fluência em Inglês e Espanhol?
O sonho de todo jovem, antes de trabalhar, é cursar uma faculdade. Como eles encaram mais esse desafio?
A palavra desafio é uma companhia constante. E nós sabemos que o estudo é sempre o caminho mais sábio. Cursar uma faculdade não é tão fácil, assim como para qualquer pessoa, mas os deficientes auditivos encontram ainda maiores barreiras. Eu sei disso porque tenho uma filha que desistiu do curso. A Paula entrou em uma faculdade da região, no curso de Publicidade e Propaganda, e acabou largando os estudos por falta de um intérprete em LIBRAS. Algumas faculdades deveriam dispor deste recurso para atender os alunos especiais. Com a falta deste recurso, minha filha desistiu de um sonho. Tenho certeza que isso acontece com freqüência. Muitos jovens perdem com essa falta de estrutura.
Recentemente, os alunos da APADAF se apresentaram na Praça da Matriz, no encerramento da promoção Ação Social, dos supermercados Pessotto Cohab e Flex. Foi uma aula de interpretação, dança e superação. Desde quanto eles fazem isso?
Eles adoram se apresentar em público. Acho que é uma forma de mostrarem para a sociedade que eles são capazes, que vivem uma vida normal. Naquela apresentação especificamente, eles mostraram capacidade de interpretação, ritmo, dança e sincronia. Foi uma iniciativa do próprio grupo. O alunos se reuniram, criaram e ensaiaram. Muitas pessoas ficam surpresas quando assistem apresentações como aquela. É como se caísse a ficha da capacidade deles. É difícil para algumas pessoas entenderem que eles só não escutam.
Que outro tipo de apresentação os alunos da APADAF costumam fazer?
Eles já se apresentaram no teatro municipal da cidade e interpretaram o Hino Nacional e LIBRAS.


FONTE:http://www.cidadaonet.com.br/ver.php?id=7394

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